Independe de ter conseguido o que se chama de "sucesso", Vicente já era um vencedor: era humano, simples, sem arrogância e prepotência - estes últimos, atributos de muitos que conseguem um passinho qualquer na tão sonhada "escalada profissional". Creio que essa vaidade não estava nos planos de nosso querido amigo - antes, fazia parte do "seguir a vida, lutando". Digo, nesse caso, lutando com esperança n'alma e sorriso nos lábios - era essa a caricatura que Vicente a mim transmitia.
Injustamente, matamos Vicente. A sociedade matamos Vicente. Somos tod@s assassinos de Vicente. Não fomos nós quem puxou o gatilho, mas foi nossa omissão que deixou isso acontecer. A violência se anuncia há muito tempo. E o que fazemos? Trancamo-nos em nossas salas, a desenvolver nossos projetos e pesquisas, esquecendo que do lado de fora há fome e um mundo entregue à sorte - melhor, digo, pior, ao azar - de muitos.
Mas, há um momento, no transcorrer de casa para o trabalho, que entramos em contato com esse "mundo cruel" - que é também mundo nosso e nosso mundo. Talvez, culpados não por atos, mas por omissão. Continuo com a máxima "se houve violência, antes, em algum momento, houve injustiça". E quem deveria ter mantido a justiça?
Fico pensando: será que estaríamos tão indignados, se a vítima fosse um cidadão desconhecido a tod@s nós? Será que nossa indignação não é, também, o mero individualismo que nos caracteriza? Será que, de modo análogo, a triste partida de nosso amigo Vicente interessa a quem não teve o prazer de conhecê-lo tão de perto? Será que a vítima do amanhã, caso não seja de nosso convívio, nos comoverá?
No momento, nos cabe o conforto aos familiares e preces pela alma do bom amigo. Que Deus tenha piedade de tod@s nós. Amém.
Injustamente, matamos Vicente. A sociedade matamos Vicente. Somos tod@s assassinos de Vicente. Não fomos nós quem puxou o gatilho, mas foi nossa omissão que deixou isso acontecer. A violência se anuncia há muito tempo. E o que fazemos? Trancamo-nos em nossas salas, a desenvolver nossos projetos e pesquisas, esquecendo que do lado de fora há fome e um mundo entregue à sorte - melhor, digo, pior, ao azar - de muitos.
Mas, há um momento, no transcorrer de casa para o trabalho, que entramos em contato com esse "mundo cruel" - que é também mundo nosso e nosso mundo. Talvez, culpados não por atos, mas por omissão. Continuo com a máxima "se houve violência, antes, em algum momento, houve injustiça". E quem deveria ter mantido a justiça?
Fico pensando: será que estaríamos tão indignados, se a vítima fosse um cidadão desconhecido a tod@s nós? Será que nossa indignação não é, também, o mero individualismo que nos caracteriza? Será que, de modo análogo, a triste partida de nosso amigo Vicente interessa a quem não teve o prazer de conhecê-lo tão de perto? Será que a vítima do amanhã, caso não seja de nosso convívio, nos comoverá?
No momento, nos cabe o conforto aos familiares e preces pela alma do bom amigo. Que Deus tenha piedade de tod@s nós. Amém.
Prof. Davis Macêdo - IFCE
Homenagem ao Prof. Vicente, do IFCE/ Campus Sobral, assassinado nesta quarta-feira (21/9) na Praça da Gentilândia, em Fortaleza.
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